Miguel Unamuno: O horror ao trabalho dá trabalhos sem conta.

O amor é filho da ilusão e pai da desilusão.

Uma fé que não duvida, é uma fé morta.

Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.

Escreve claro quem concebe ou imagina claro; com vigor, quem com vigor pensa, por ser a língua um vestido transparente do pensamento.

É preciso esquecer para viver; a vida é esquecimento; cumpre abrir espaço para o que está por vir.

Ler, ler, ler, viver a vida que outros sonharam.

Se amo alguns livros são aqueles em que sinto que o seu autor, que pode ter morrido séculos antes de eu ter sido engendrado, se dirigia a mim, a mim pessoal e concretamente, a mim em confidência.

A verdadeira ciência ensina sobretudo a duvidar e a ser ignorante.

A dor é a substância da vida e a raiz da personalidade, pois somente sofrendo se é uma pessoa.

A mulher veste-se para as demais mulheres, e não para os homens, nem sequer para aquele a quem mais quer.

O horror ao trabalho dá trabalhos sem conta.

Nós só vivemos contradições e para as contradições; a vida é tragédia e luta perpétua sem vitória e sem esperança de vitória; ela é contradição.

Há muitos, muitíssimos leitores que não gostam de que se os obrigue a pensar, e que querem que se lhes diga o que já sabem, o que já têm pensado.

Compadeça-se quem manda de quem obedece, e de si mesmo se compadeça por ter que mandar.

As línguas, como as religiões, vivem de heresias.

A liberdade é um bem comum, e se todos não desfrutam dela, não serão livres nem os que se julgam como tal.

A palavra sábia é aquela que, dita a uma criança, é sempre compreendida sem a necessidade de explicações.

É inútil querer discutir e tirar de alguém as suas ideias; as pessoas não querem deixar-se convencer; o melhor é deixá-las.

Tem que se sair de casa para melhor querê-la e apreciá-la; os que se encerram em casa é mais para molestar aos seus e por falta de valor para lutar com os de fora.

O amor pode viver de recordações; o ódio requer realidades presentes.

Os homens vivem juntos, porém cada um morre sozinho e a morte é a suprema solidão.

O nome é em certo sentido a própria coisa; dar nome às coisas é conhecê-las e apropriar-se delas; a denominação é o ato da posse espiritual.

Lembra-te de que os teus inimigos hão-de morrer.

Felizes daqueles cujos dias são todos iguais!

Geralmente, quando detestamos alguma coisa nos outros é porque a sentimos em nós mesmos. Não nos aborrecem os defeitos que não temos.